segunda-feira, 26 de abril de 2010

Tuva Throat Singing

To devendo muitas atualizacoes no blog, eu sei... Tem Jacarta parte II, a viagem a Melaka e a Kuala Lumpur. Mas resolvi nao seguir uma ordem tao cronológica hoje.

Eu decidi que, se nao for viajar, ficando em Cingapura tenho que fazer algo de útil. Útil no sentido de aprender algo. E aqui, podem ter certeza que há muitas coisas para se fazer. Como ja mencionei antes, já fui em óperas, museus, parques e ontem, fui a um concerto.

Comprei o ingresso sem saber o que esperar. A única coisa que sabia era que era um grupo de musica tradicional na Mongólia. Bem, alguma coisa de interessante nesse grupo havia de ter. Entao ontem, num domingo a tarde, logo antes de ir para o show, resolvi ler sobre a tal musica folclorica mongol, que acabei descobrindo nao ser da Mongólia, mas sim de Tuva, uma república da Ex-Uniao Soviética, hoje parte da Rússia. Bem, lendo sobre a música, descobri que os cantores desse tipo de música tem uma técnica singular de cantar: conseguem cantar duas linhas melódicas ao mesmo tempo. Para os leigos é fácil entender: eles cantam duas vozes AO MESMO TEMPO!

Bem impressionante, né? O grupo que eu fui ver se chama Huun Huur Tu e pelo que pesquisei, sao um dos primeiros grupos (se nao o primeiro) a popularizar o Throat Singing. É um quarteto que nao só canta dessa maniera peculiar, mas também com vozes"normais" (e muito bem, por sinal). Outra coisa interessante de se ver no show, foram os instrumentos que eles usavam. Acho que o único cvelho conhecido era o violao, que usaram em uma musica. O resto, foram todos instrumentos típicos de Tuva.

Depois do show houve um bate-papo com os músicos. Eles explicaram que há a técnica do throat singing na Mongólia, mas é uma técnica diferente da que eles usam. Contaram que nao há uma tecnica para se aprender esse tipo de canto, apesar de algumas pessoas começarem a sistematiza-lo em escolas: a maioria das pessoas aprende de pai para filho. É como uma língua, falou um dos músicos, voce nao pergunta: oq ue é papa ou mama, voce fala e sabe. (se alguem ficar treinando throat singing e conseguir fazer algo minimamente parecido, premio especial de Cingapura. juro que mando! haha) Segundo um musico, eles conseguem mexer musculos da garganta que nos na vida inteira nao conseguiremos. Por falta de tentativas, porque, segundo ele, é questao de treino. E quanto mais se treina, melhor a voz (inclusive a "normal") fica (com certeza nessa parte eu concordei, porque todos os musicos tinham voz de locutor).

Perguntaram se ha mulheres que tem essa tecnica. Disseram que até poucos anos atras era uma arte restritamente masculina, mas que agora ha alguma mulheres tentando fazer. Apesar disso, ainda há muito preconceito.

Achei muito legal ter ido ver esse grupo. Eles tem vários projetos com ocidentais, inclusive muitos de música eletronica. Mas o que eu consegui perceber depois do show, depois de uma conversa com um amigo, é que esse é o futuro do metal!! YEAH! \o/

p.s. comprei dois cds da banda. Achei que iam ser daqueles CDs que a gente compra só pra ter e pra mostrar pros amigos as musicas exoticas que existem por ai. Mas nao, as musicas sao muito gostosas de ouvir e to viciadinha. Daqui a pouco to falando a língua tuviniana...

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Jacarta - parte I

Agora que arrumei um computador sei que deveria atualizar mais o blog e tal, mas da preguica… hehe

Eh que to vivendo daquele jeito que a maioria das pessoas adultas no Brasil vive: acordo, trabalho 8 horas e meia por dia e volto pra casa doida pra dormir. E claro que gostaria de fazer mais coisas durante o dia e ate poderia. Mas por causa da internet acabo dormindo tarde e acordando tarde tambem. E dai o dia ja era. Minha vida no escritorio. O que, por enquanto, nao e de todo mal, porque estou aprendendo bastante trabalhando aqui. Mas eh claro tambem que fico doida para que o fim de semana chegue para que eu possa relaxer. Em termos. Porque ate hoje, todos os meus fins de semana eu sempre tive algum plano, alguma atividade para fazer.

E agora, ja depois de te feito muitas coisas aqui em Cingapura (nao que eu tenha feito tudo o que a cidade pode oferecer, mas assim como eu me sentia meio de saco cheio de Floripa, as vezes preciso mais do que ficar nessa ilha) resolvi viajar. A melhor coisa de se morar em Cingapura, nao eh viver aqui e ficar aqui. Eh viver aqui, no meio do sudeste asiatico, receber o salario na moeda daqui e saber que sua moeda vale mais do que qualquer outra de paises vizinhos. E por causa desses fatores, viagens de fim de semana para Malasia, Indonesia, Tailandia, Indochina, Filipinas (a lista de paises ao redor eh grande) sao bem comuns. Ajuda tambem o fato de se ter uma renca de low cost airlines por aqui: air asia, jet star, lion airways e tiger airways sao so alguns exemplos.

Enfim, tres semanas atras ouvi um amigo frances, Benjamin, contando que estava indo passer o fim de semana em Jacarta, capital da Indonesia. Como estava doida pra dar uma voltinha for a de Cingapura, ja me aticei, mas confesso que nao me animei tanto, poque ja havia ido pra Indonesia antes, para a ilha de Sumatra, e nao havia sido o meu lugar preferido na Asia nao… Mas como um pais nao se resume a uma cidade e acho que eh bem importante voce conhecer a capital de um lugar, resolvi ir para Jacarta com o Ben. E nao eh que o povo do trabalho se animou e resolveu ir tambem? Formamos um grupo de cinco pessoas (eu, Ben – Franca. Aureo – Brasil, Sabina – Italia e Carolin – Alemanha) e partimos para um fim de semana em Jacarta.

Confesso que nao estava esperando muito da cidade nao e minhas expectativas nao difereriram do que vi. O que me impressionou foi o povo de la. Quando havia estado em Medan (a maior cidade da ilha de Sumatra) tive a impressao de queas pessoas eram interesseiras e muito preconceituosas. O que nao se revelou verdade quanto ao povo de Jacarta.

surfista de trem... surfista de trem...

Mas vamos comecar do comeco: chegamos no aeroporto, pegamos um onibus de linha ate a estacao central de onibus (sorte nossa da Carolin falar Bahasa Indonesio) e comecamos a saga para achar um lugar para ficar. Por indicacao de uma pessoa que estava na Rodoviaria, fomos parar em um hotel, digamos, um pouco caro para o nosso budget. Ta certo que nao era la tao caro, uns 30 dolares por quarto, mas sabendo que voce pode pagar 10, por que pagar 30, certo? Resolvemos entao seguir para a rua Jalan Jaksa, que eh conhecida por ter muitos mochileiros. La ha uma grande oferta de hostels e finalmente achamos um que nos serviu direitinho: 10 dolares por pessoa, por noite, com agua quente, ar condicionado e mochileiros.

Esqueci de mencionar que no trajeto rodoviaria – hotel caro, resolvemos parar no Monumen Nasional. La, vimos uma manifestacao que, primeiramente achei ser contra a visita do Obama a Indonesia (que iria ocorrer dali a alguns dias), mas depois vi que era em apoio a alguma coisa da Palestina. Me senti na UFSC de novo hehehe

nasional com ésse

Outro fato que foi bem interessante no trajeto Monumen Nasional – hostel barato, um grupo de estudantes parou meu amigo frances e perguntou se poderiam fazer uma entrevista com ele. Durante a entrevista, pediram para tirar fotos com todos nos e, de repente, uma menina vem e me fala que eu era muito linda. Guardem bem esses fatos, do elogio e das fotos, porque isso vai se tornar rotina nos proximos relatos indonesios hehe

celebridades

Voltando ao hostel, nos acomodamos e resolvemos sair para conhecer a cidade. Bem, Jacarta nao eh uma cidade bonita. Na verdade, em alguns aspectos eh bem parecida com Sao Paulo, cheia de predios, barulhenta e suja. Nosso primeiro destino foi a Masjid Istiqlal, que e a maior mesquita do sudeste asiatico. Vale lembrar aqui que a Indonesia e o maior pais muculmano do mundo, com com mais de 85% da populacao seguindo essa religiao. A visita a mesquita foi muito boa e deu para perceber que ha uma boa recepcao para turistas. Tendo em vista que o vilao nos dias de hoje eh a religiao do Isla, voce ser muito bem recebido em um de seus locais sagrados, podendo inclusive entrar e visitar todas as partes do predio, eh algo que desperta a tolerancia mesmo dos mais radicais. Foi bem interessante estar ali na mesquita logo antes da hora da reza dos fieis (uma das cinco que eles devem fazer por dia), pois pudemos ver todo o ritual que antecede o rezar.

Inshalá

Muito interessante tambem foi o predio que visitamos logo depois da mesquita. Nao era nada de mais, era uma igreja bonita, mas nao a mais bonita que ja vi. Mas em um pais muculmano, voce ter uma mesquita e exatamente em frente a ela, uma igreja, eh muito incomum. E voce presenciar o inicio de um ritual de reza muculmana e logo apos partir para uma missa, eh lindo demais de se ver. Se no mundo inteiro vissemos tolerancia assim, com certeza as coisas seriam melhores.

Bem, apos a visita a mesquita, demos uma passada no Monumento Nacional para ver como ele era a noite e depois fomos para o Hostel. La, conhecemos algumas pessoas interessantes: uma brasileira que mora na Australia (novidade!) e tres canadenses que moravam na China, dando aulas de ingles. Como o contrato deles acabou, eles estao mochilando pela Asia. Um deles, Jean Pierre, vai morar em Jacarta por um ano para ensinar ingles. Foi muito bom conhecer esses canadenses porque eles sao o tipo de pessoa que eu gosto: tem algo para falar e tempo para ouvir o que voce fala. E sobre assuntos interessantes. Sinto que pessoas assim aqui em Cingapura sao a minoria.

Esse foi meu primeiro dia em Jacarta. Ja ja posto o segundo.

p.s. escrevendo do trabalho, num teclado alemao sem acentos (vide todos os „ehs“). Nao, eu nao estou matando trabalho. Eh que hoje eh feriado na Europa e realmente nao ha o que fazer aqui…