sábado, 21 de agosto de 2010

Minhas férias

Ainda bem que ninguem espera que eu poste no blog com uma frequencia regular, porque desde o comeco eu ja sabia que ia ser assim: falta de posts.

Depois da viagem a Jacarta eu ja fui duas vezes a Kuala Lumpur a uma vez a Melaka. E ha duas semanas atras tirei ferias de duas semanas e fiquei dando umas voltas por Bali e Java. Com isso quero dizer que tenho MUITO o que postar. Mas nao sei se irei.

Meu planos eram meio que de fazer um diario, mas dá muito trabalho e na verdade eu tenho preguica. Fora que se eu for fazer um diario das minhas ferias, terei que postar 15 vezes, uma vez para cada dia. Bem, nao custa tentar. De repente eu acabe de postar as minhas ferias quando as do ano que vem ja tiverem chegado, mas como esse blog é pra eu mesma nao me esquecer de alguns detalhes das historias que aconteceram comigo (mesmo que eu nao escreva com tantos detalhes assim), vambora!

A primeira opcao de viagem para as minhas férias era a ilha de Borneo. Mas por cause de alguns percalços, tive que mudar o roteiro e fui convencida a ir para Bali. Confesso que fui convencida a contragosto, pois Bali era o último destino na Ásia em que eu gostaria de ir. A imagem que eu fazia de Bali era aquela praia tipo Balneário Camboriú ou Maresias: gente sarada, bronzeada e a fim de pegar umas minas/minos e umas baladas. Bem meu tipo. NOT! Um detalhe é que eu sabia que Bali era uma ilha mas nao tinha ideia do tamanho dessa ilha. Se voce conhece alguem que vai pra Bali, a pessoa vi pra Bali e ponto. Nunca tinha ouvido falar que Bali era só o nome da ilha e que nessa ilha havia várias cidades. Pois é, primeira informaçao valiosa antes de ir viajar foi essa, a de que Bali tem cidades e teria que escolher em qual delas ficar (notem aqui que o conceito de cidades nao é bem o que a gente ta acostumado, mas vou usar esse termo porque nao sei se teria como definir os povoados da ilha)

Já que o aeroporto de Bali fica bem perto da cidade mais famosa, Kuta, decidimos, eu e Aureo, ficarmos la a primeira noite das nossas ferias. Nao sei se Kuta é bem uma cidade, mas como mencionei acima, nao sei qual a melhor expressao usar para esse povoado. O que sei é que cheguei as sete da noite do sabado, dia 31/07 em Bali e fui para Kuta. Kuta é Balneario Camboriu com 3 vezes mais gente, 5 vezes mai sujeira, 8 vezes amis transito e 362647392 mais motos - reparem aqui que moto é tudo de bicicleta motorizado, passando por Honda Biz até chegar nas CGs. É PÉSSIMO!! Mas como ja era noite, decidimos arranjar um hostel por ali mesmo e decidir o que fazer no dia seguinte.

Dia 01/08 acordamos e decidimos o que iriamos fazer: ja que estavamos no sul da ilha, resolvemos ir mais para o sul para ver alguns templos e praias e para isso alugamos uma motoca. Primeira parada: estátua linda baseada em algum épico indiano (Marhabarata ou Ramayana, nao me lembro qual dos dois).
Vale lembrar que Bali é uma ilha que faz parte do maior arquipélago do mundo, a Indonésia, que por sua vez é o maior país muçulmano do mundo. Mas Bali é uma exceçao: tem mais de 80% de sua populacao praticando o hinduismo.

O primeiro dia nao acabou. Mas vou sair a la mil e uma noites e deixar pra terminar a historia amanha =)

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Jacarta - parte II

Nossa, já faz uns dois meses que eu fui pra Jacarta e ainda nao postei a segunda parte da viagem... Mas aqui vai:

Acordamos cedo e nos encontramos todos (eu, Aureo, Ben, Caroline e Sabina) para irmos para um parque temático nos arredores de Jacarta. Nao, nao é como a Disney. O Taman Mini Indonesia Indah é um parque sobre a Indonesia. Mostra os aspectos da vida no maior arquipélago do mundo, os diferentes tipos de casa de cada regiao, roupas, danças e tradiçoes. É um lugar super interessante de se visitar, principalmente pra quem nao tem muito tempo para conhecer a Indonesia inteira.

Nesse parque há um museu sobre a cultura Balinesa que é incrível (a cultura e o museu sao incriveis).
bonecos balineses
Depois de ficarmos umas 3 horas no museu, eu e Aureo alugamos uma scooter e fomos dar uma volta pelo parque. Sim, é tao grande que nao da para ir a pé. Almocamos e saimos do parque em direcao a uma mesquita a aluns metros dali.
Nao era uma mesquita turistica, mas era linda. Eu, Ben e Aureo resolvemos entrar e nos deram roupas para muculmanas para vestir. Para os meninos, um Sarong, que é como uma saia. Para mim, uma roupa típica de muçulmana.

Lindia

Entramos na mesquita e como era hora de reza, resolvi nao sair andando pela mesquita toda, com medo de desrespeitar algo. Os meninos foram explorar o lugar e eu fiquei quietinha, perto de algumas mulheres rezando. Foi quando uma delas percebeu minha presença e comecou a falar em Bahasa Indonesia comigo. Respondi que nao falava aquela lingua e a mulher, chegando a conclusao mais obvia do mundo, exclamou: - Ah! Ok, so you speak Arabic! From Saudi Arabia! Sim, a mulher achou que eu realmente era muçulmanda e no momento seguinte, lá estava eu me abaixando com outras mulheres e louvando a Allah. Comecei a ficar um pouco desesperada se alguem descobrisse que eu nao era muculmana e principalmente que nao havia feito as abluções. Saí do grupo, achei os meninos e sai de la bem rapidinho. O bom é que vivi uma experiencia que poucos muçulmanos tem a oportunidade de viver.

Lições
Depois do parque cada um foi fazer uma coisa. Eu, Aureo e Sabina demos uma volta na cidade e pude ver as partes realmente pobres de Jacarta, com favelas, pessoas esmolando,e muita sujeira. Sabina, como boa européia, ficou chocada. Eu, como brasileira, vi coisas que, infelizmente, já vi muito no Brasil.
São Paulo?

tuk tuk

modalidade de esporte bastante conhecida no Brasil:
surfe no trem


Demos uma parada em um centro comercial e lá comi uma coisa que há muito tempo estava com vontade: Pão de Queijo!!! Nao sei porque nem como importaram, mas tava gostoso demais!

pão di quejo, sô!

A noite fomos dar uma volta pelo bairro dos bares de Jacarta, que é uma cidade conhecida pela night life no sul da Asia. Dizem ter as melhores boates e bares da regiao. Junto com os canadenses que haviamos conhecido no dia anterior passamos a noite fumando narguile e conversando. Ótimo fechamento para o que foi a minha primeira viagem durante minha estadia em Cingapura.

uma observacao é importante: no post sobre o primeiro dia em Jacarta eu falei que era importante se lembrar que um grupo de criancas havia pedido para tirar fotos com a gente e uma delas disse que eu era muito linda. Pois entao, no segundo dia em Jacarta tiramos fotos com pelo menos mais 5 grupos diferentes de pessoas.

miss indonesia
E em todos os grupos as pessoas dizendo que eu tinha uma pele linda, que eu era linda e que queriam ficar perto de mim na foto. Acho que é porque eu sou muito branca e eles ficam impressionados com isso. Só sei que depopiss disso, meu apelido virou Miss Indonesia. O que, diga-se de passagem, nao é um elogio tao grande, dada a grande beleza das pessoas nesse país hehehe
celebridades

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Tuva Throat Singing

To devendo muitas atualizacoes no blog, eu sei... Tem Jacarta parte II, a viagem a Melaka e a Kuala Lumpur. Mas resolvi nao seguir uma ordem tao cronológica hoje.

Eu decidi que, se nao for viajar, ficando em Cingapura tenho que fazer algo de útil. Útil no sentido de aprender algo. E aqui, podem ter certeza que há muitas coisas para se fazer. Como ja mencionei antes, já fui em óperas, museus, parques e ontem, fui a um concerto.

Comprei o ingresso sem saber o que esperar. A única coisa que sabia era que era um grupo de musica tradicional na Mongólia. Bem, alguma coisa de interessante nesse grupo havia de ter. Entao ontem, num domingo a tarde, logo antes de ir para o show, resolvi ler sobre a tal musica folclorica mongol, que acabei descobrindo nao ser da Mongólia, mas sim de Tuva, uma república da Ex-Uniao Soviética, hoje parte da Rússia. Bem, lendo sobre a música, descobri que os cantores desse tipo de música tem uma técnica singular de cantar: conseguem cantar duas linhas melódicas ao mesmo tempo. Para os leigos é fácil entender: eles cantam duas vozes AO MESMO TEMPO!

Bem impressionante, né? O grupo que eu fui ver se chama Huun Huur Tu e pelo que pesquisei, sao um dos primeiros grupos (se nao o primeiro) a popularizar o Throat Singing. É um quarteto que nao só canta dessa maniera peculiar, mas também com vozes"normais" (e muito bem, por sinal). Outra coisa interessante de se ver no show, foram os instrumentos que eles usavam. Acho que o único cvelho conhecido era o violao, que usaram em uma musica. O resto, foram todos instrumentos típicos de Tuva.

Depois do show houve um bate-papo com os músicos. Eles explicaram que há a técnica do throat singing na Mongólia, mas é uma técnica diferente da que eles usam. Contaram que nao há uma tecnica para se aprender esse tipo de canto, apesar de algumas pessoas começarem a sistematiza-lo em escolas: a maioria das pessoas aprende de pai para filho. É como uma língua, falou um dos músicos, voce nao pergunta: oq ue é papa ou mama, voce fala e sabe. (se alguem ficar treinando throat singing e conseguir fazer algo minimamente parecido, premio especial de Cingapura. juro que mando! haha) Segundo um musico, eles conseguem mexer musculos da garganta que nos na vida inteira nao conseguiremos. Por falta de tentativas, porque, segundo ele, é questao de treino. E quanto mais se treina, melhor a voz (inclusive a "normal") fica (com certeza nessa parte eu concordei, porque todos os musicos tinham voz de locutor).

Perguntaram se ha mulheres que tem essa tecnica. Disseram que até poucos anos atras era uma arte restritamente masculina, mas que agora ha alguma mulheres tentando fazer. Apesar disso, ainda há muito preconceito.

Achei muito legal ter ido ver esse grupo. Eles tem vários projetos com ocidentais, inclusive muitos de música eletronica. Mas o que eu consegui perceber depois do show, depois de uma conversa com um amigo, é que esse é o futuro do metal!! YEAH! \o/

p.s. comprei dois cds da banda. Achei que iam ser daqueles CDs que a gente compra só pra ter e pra mostrar pros amigos as musicas exoticas que existem por ai. Mas nao, as musicas sao muito gostosas de ouvir e to viciadinha. Daqui a pouco to falando a língua tuviniana...

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Jacarta - parte I

Agora que arrumei um computador sei que deveria atualizar mais o blog e tal, mas da preguica… hehe

Eh que to vivendo daquele jeito que a maioria das pessoas adultas no Brasil vive: acordo, trabalho 8 horas e meia por dia e volto pra casa doida pra dormir. E claro que gostaria de fazer mais coisas durante o dia e ate poderia. Mas por causa da internet acabo dormindo tarde e acordando tarde tambem. E dai o dia ja era. Minha vida no escritorio. O que, por enquanto, nao e de todo mal, porque estou aprendendo bastante trabalhando aqui. Mas eh claro tambem que fico doida para que o fim de semana chegue para que eu possa relaxer. Em termos. Porque ate hoje, todos os meus fins de semana eu sempre tive algum plano, alguma atividade para fazer.

E agora, ja depois de te feito muitas coisas aqui em Cingapura (nao que eu tenha feito tudo o que a cidade pode oferecer, mas assim como eu me sentia meio de saco cheio de Floripa, as vezes preciso mais do que ficar nessa ilha) resolvi viajar. A melhor coisa de se morar em Cingapura, nao eh viver aqui e ficar aqui. Eh viver aqui, no meio do sudeste asiatico, receber o salario na moeda daqui e saber que sua moeda vale mais do que qualquer outra de paises vizinhos. E por causa desses fatores, viagens de fim de semana para Malasia, Indonesia, Tailandia, Indochina, Filipinas (a lista de paises ao redor eh grande) sao bem comuns. Ajuda tambem o fato de se ter uma renca de low cost airlines por aqui: air asia, jet star, lion airways e tiger airways sao so alguns exemplos.

Enfim, tres semanas atras ouvi um amigo frances, Benjamin, contando que estava indo passer o fim de semana em Jacarta, capital da Indonesia. Como estava doida pra dar uma voltinha for a de Cingapura, ja me aticei, mas confesso que nao me animei tanto, poque ja havia ido pra Indonesia antes, para a ilha de Sumatra, e nao havia sido o meu lugar preferido na Asia nao… Mas como um pais nao se resume a uma cidade e acho que eh bem importante voce conhecer a capital de um lugar, resolvi ir para Jacarta com o Ben. E nao eh que o povo do trabalho se animou e resolveu ir tambem? Formamos um grupo de cinco pessoas (eu, Ben – Franca. Aureo – Brasil, Sabina – Italia e Carolin – Alemanha) e partimos para um fim de semana em Jacarta.

Confesso que nao estava esperando muito da cidade nao e minhas expectativas nao difereriram do que vi. O que me impressionou foi o povo de la. Quando havia estado em Medan (a maior cidade da ilha de Sumatra) tive a impressao de queas pessoas eram interesseiras e muito preconceituosas. O que nao se revelou verdade quanto ao povo de Jacarta.

surfista de trem... surfista de trem...

Mas vamos comecar do comeco: chegamos no aeroporto, pegamos um onibus de linha ate a estacao central de onibus (sorte nossa da Carolin falar Bahasa Indonesio) e comecamos a saga para achar um lugar para ficar. Por indicacao de uma pessoa que estava na Rodoviaria, fomos parar em um hotel, digamos, um pouco caro para o nosso budget. Ta certo que nao era la tao caro, uns 30 dolares por quarto, mas sabendo que voce pode pagar 10, por que pagar 30, certo? Resolvemos entao seguir para a rua Jalan Jaksa, que eh conhecida por ter muitos mochileiros. La ha uma grande oferta de hostels e finalmente achamos um que nos serviu direitinho: 10 dolares por pessoa, por noite, com agua quente, ar condicionado e mochileiros.

Esqueci de mencionar que no trajeto rodoviaria – hotel caro, resolvemos parar no Monumen Nasional. La, vimos uma manifestacao que, primeiramente achei ser contra a visita do Obama a Indonesia (que iria ocorrer dali a alguns dias), mas depois vi que era em apoio a alguma coisa da Palestina. Me senti na UFSC de novo hehehe

nasional com ésse

Outro fato que foi bem interessante no trajeto Monumen Nasional – hostel barato, um grupo de estudantes parou meu amigo frances e perguntou se poderiam fazer uma entrevista com ele. Durante a entrevista, pediram para tirar fotos com todos nos e, de repente, uma menina vem e me fala que eu era muito linda. Guardem bem esses fatos, do elogio e das fotos, porque isso vai se tornar rotina nos proximos relatos indonesios hehe

celebridades

Voltando ao hostel, nos acomodamos e resolvemos sair para conhecer a cidade. Bem, Jacarta nao eh uma cidade bonita. Na verdade, em alguns aspectos eh bem parecida com Sao Paulo, cheia de predios, barulhenta e suja. Nosso primeiro destino foi a Masjid Istiqlal, que e a maior mesquita do sudeste asiatico. Vale lembrar aqui que a Indonesia e o maior pais muculmano do mundo, com com mais de 85% da populacao seguindo essa religiao. A visita a mesquita foi muito boa e deu para perceber que ha uma boa recepcao para turistas. Tendo em vista que o vilao nos dias de hoje eh a religiao do Isla, voce ser muito bem recebido em um de seus locais sagrados, podendo inclusive entrar e visitar todas as partes do predio, eh algo que desperta a tolerancia mesmo dos mais radicais. Foi bem interessante estar ali na mesquita logo antes da hora da reza dos fieis (uma das cinco que eles devem fazer por dia), pois pudemos ver todo o ritual que antecede o rezar.

Inshalá

Muito interessante tambem foi o predio que visitamos logo depois da mesquita. Nao era nada de mais, era uma igreja bonita, mas nao a mais bonita que ja vi. Mas em um pais muculmano, voce ter uma mesquita e exatamente em frente a ela, uma igreja, eh muito incomum. E voce presenciar o inicio de um ritual de reza muculmana e logo apos partir para uma missa, eh lindo demais de se ver. Se no mundo inteiro vissemos tolerancia assim, com certeza as coisas seriam melhores.

Bem, apos a visita a mesquita, demos uma passada no Monumento Nacional para ver como ele era a noite e depois fomos para o Hostel. La, conhecemos algumas pessoas interessantes: uma brasileira que mora na Australia (novidade!) e tres canadenses que moravam na China, dando aulas de ingles. Como o contrato deles acabou, eles estao mochilando pela Asia. Um deles, Jean Pierre, vai morar em Jacarta por um ano para ensinar ingles. Foi muito bom conhecer esses canadenses porque eles sao o tipo de pessoa que eu gosto: tem algo para falar e tempo para ouvir o que voce fala. E sobre assuntos interessantes. Sinto que pessoas assim aqui em Cingapura sao a minoria.

Esse foi meu primeiro dia em Jacarta. Ja ja posto o segundo.

p.s. escrevendo do trabalho, num teclado alemao sem acentos (vide todos os „ehs“). Nao, eu nao estou matando trabalho. Eh que hoje eh feriado na Europa e realmente nao ha o que fazer aqui…

terça-feira, 16 de março de 2010

Feliz ano do Tigre

Só teve uma pessoa (fora mamae) que reclamou que eu nao posto mais, entao, vou dedicar o posto a seguir a ela: Dedéia!!!
O que acontece, minha gente é que meu notebook antigo quebrou e eu resolvi esperar um pouco ate comprar um outro. E cá estou, digitando de teclados novinhos.

E, em um mes, muita coisa pode acontecer...

Eu vivi o ano novo chines, que para as pessoas daqui significa mais do que a passagem do ano do calendário ocidental. Apesar de Cingapura seguir o calendário ocidental, é o ano novo chines que tem mais significado para a maioria dos habitantes daqui. Digo a maioria porque nem todos comemoram. Acho que é que nem o carnaval: muita gente comemora, e a parcela da populacao que nao gosta comemora também porque é feriado.

Enfim, nas semanas anteriores ao ano novo chines ja da pra sentir uma grande comoçao na cidade. Tudo gira em volta de presentes/temas/comidas/musicas de ano novo chines. TUDO!Daí voce vai no supermercado comprar papel higienico e alguem te deseja feliz ano novo. No mínimo esquisito para alguem do ocidente como eu. Só sei que depois de alguns "feliz ano novo" até eu ja comecei a entrar no clima...

O bom é que nao só eu e a cidade entramos no clima, como tambem a empresa onde trabbalho e a dona do apartamento onde moro. e já explico o por que: um dos costumes do ano novo chines é uma pessoa mais velha colocar dinheiro em um envelope vermelho e dar para as pessoas mais novas. Nao preciso nem dizer que a empresa resolveu abrir a mao, assim como a dona do ape, né? Mas nao pensem que é muito dinheiro nao, é algo simbólico. Mas achei legal o gesto.

To rica!

Outra coisa bem comum nessa época do ano é as pessoas darem laranjas e doces de presente umas as outras. No trabalho ganhamos laranjas. Em casa ganhamos bolachinhas.

A "virada do ano" eu passei na casa de um amigo chines (nao chines da china, mas daqui de cingapura) que vive com os pais. Foi legal, mas nao foi NADA do que eu estava esperando, com fogos de artificio e todo mundo se abraçando. Sei la, ano novo no ocidente é assim, nao é? Entao, acho que a conclusao que eu cheguei é que aqui é uma mistura de natal, quando as pessoas ficam com suas familias, em casa e se dao presentes com o ano novo, porque tem toda a mistica da passagem, do novo, do ciclo.

Bem, o dia seguinte a "passagem" do ano, resolvi sair para caminhar na cidade e ela estava completamente vazia. Nao tinha nada. Acho que muito se deve ao feriado prolongado, que durou de sexta a terça feira (e que eu, por sinal, nao aproveitei, porque sigo o calendario da Alemanha). O legal é que as comemoracoes do ano novo nao duram apenas um dia. Como disse antes, voce sente na cidade inteira um clima festivo e depois da passagem do ano ainda há festas e comemoracoes.

Uma das coisas que vi na rua, por acaso, foi um desfile de dragoes chineses. O chato é que eu nao tinha máquina. Mas daí a gente vai no amigo gúgou, digita "Chinese New Year Dragon", clica em imagens e... TCHARAN! Mais ou menos o que eu vi aparece.

escola de samba?

No final, percebi que cheguei a conclusoes muito basicas sobre o ano novo chines. Talvez ano que vem devesse estar na China. Quem sabe...



E só pra constar: saldo de mais de um mes sem computador = 4 livros lidos (Demian - Herman Hesse; O evangelho segundo Jesus Cristo - José Saramago; Alice no País das maravilhas e Alice através do espelho - Lewis Carrol), entrar na academia, comprar criado mudo, alguns filmes vistos (The General, The Party, Pulp Fiction, Alice, MUITOS documentarios de arte), ir para duas óperas...
saldo de menos de uma semana COM computador em casa = acordar todo dia as duas da tarde. Ainda bem que eu so começo as tres =)

domingo, 31 de janeiro de 2010

e tudo continuou...

Bem, depois de chegar em casa na sexta a noite, resolvi pesquisar na internet sobre o festival Thaipusam e descobri que o tal festival duraria o dia seguinte inteiro. Mudanca de planos é comigo mesma! Ao invés de ir para o Zoo, resolvi ficar pela vizinhança, já que moro em Little India e o festival é celebrado nesse bairro.

Acordei e fui para um templo. Na entrada vi algo que me foi muito familiar por alguns meses quando estive na Índia: um mundaréu de sapatos deixados do lado de fora do templo, já que nao se pode entrar calçado.
Brechó?
Parei ali perto dos sapatos e descobri que ali nao era a entrada do templo, e sim a saida dos devotos. E novamente, como na sexta a noite, o que eu vi foram as coisas mais loucas da minha vida (superando as de sexta).

Nao tenho como descrever o que era. Eram homens carregando ornamentos em homenagem aos deuses hindus nas costas. Ornamentos que pesam muito (ouvi falar de 15 a 20 quilos). E ornamentos com pequenas lanás perfurando o corpo dos devotos. Sim, o corpo TODO perfurado por lanças, carregando um ornamento de 20 quilos, tendo que andar mais ou menos 4km. A maior devoçao que ja presenciei, sem dúvidas.
ai!
A medida em que cada devoto saía do templo, amigos e/ou familiares batucavam e/ou cantavam/entoavam mantras e o devoto começava a dançar. No portao de saída do templo, um membro da familia pegava um coco, acendia uma vela nele e fazia uma oraçao enquanto "benzia" a pessoa(nao tenho termo menos cristao para isso). Depois, jogava o coco com toda forca na lixeira. E dai começava a caminhada rumo a um outro templo, a mais ou menos 4 km dali. Devo ter visto uns 20, 25 devotos com o corpo furado. Dentre eles dois jovens de uns 14 anos mais ou menos e uma crianca de uns 10 anos.

nada de sangue!
Assim que descobri que era permitido entrar no templo para ver os rituais iniciais, é claro que entrei. Presenciei entao, no meio de uma multidao de devotos com suas familias e turistas com suas maquinas fotográficas, o momento em que um devoto ia ser espetado. Gente, fiquei chocada e me deu vontade de chorar. Com certeza a pessoa sente MUITA dor. Apesar disso, a expressao do devoto que eu acompanhei era de uma mistura de dor com serenidade. E nao vi sangue nenhum. Enquanto alguns familiares enfiavam as lanças no homem, uma mulher rezava e depois dela alguns homens entoavam mantras. Tudo isso misturado a batucadas que outras familias estavam fazendo para outros devotos. É uma coisa hipnotizante. Eu nao teria saído de lá se nao fosse pela minha amiga, que estava passando mal.

devoto sendo espetado

lanças (ou vel)
Sei que muitas pessoas nao aguentariam ver o que eu vi e muitas tambem julgariam quem estava lá participando dos rituais. Eu nao. Eu sou a pessoa mais feliz do mundo por ter tido a oportunidade de presenciar esse festival tao importante na vida de tanta gente. Estou maravilhada com a Ásia. De novo e sempre.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Tinha tudo para ser um dia normal...


Hoje tinha tudo para ser um dia bem normal. Acordei, fui pro trabalho, tive meu Break, trabalhei e resolvi sair pra naiti, já que hoje é sexta.Combinei de sair com uma amiga alemã, um brasuca e uma chinesa. Chegamos no barzinho, era ate legal, mas sabe quando não tem nada de mais?

Assim, pelo cansaço que eu estava, algo tinha que me chamar a atenção. Podia ser musica boa, um cara gato, mas eu estava sentindo falta daquele tchans! Enfim, o tal do tchans não veio e resolvemos, eu e a alemã que mora comigo, ir para casa.

Pegamos um taxi (sim, voltamos de madruga para casa de taxi - não tem busao de noite e o taxi eh extremamente barato - coisa pra outro post) e assim que entramos na avenida principal de Litlle India, que e o bairro onde moro, percebemos que algo acontecia. Do outro lado da rua havia MUITA gente vestida de amarelo com algo em cima da cabeça. Perguntamos ao taxista o que era aquilo e ele disse ser alguma passeata ou procissão (com o singlish dele foi o que conseguimos entender).

Comecei a ficar intrigada com aquele tanto de gente andando com uns vasinhos na cabeça e pedi pro taxista parar. Falei para a alemã que seria melhor seguirmos dali a pé para casa, para tentarmos ver o que estava acontecendo. O relato abaixo está tão confuso e cheio de informações quanto a minha mente na hora em que desci do taxi:

grao-de-bico e arroz de graca. vai ai?

Pessoas vestidas de amarelo e laranja, segurando pequenos vasos em cima da cabeça, entoando mantras e cantando. Pés descalços. Famílias inteiras, juntas em procissão. Crianças, jovens, adultos, velhos, pessoas em cadeiras de roda. Pessoas em transe. Homens e mulheres com a cabeça raspada. Caminhonetes enfeitadas. Homens e mulheres levando pequenos altares em seus ombros. Pessoas fazendo comida na rua. Homens com ganchos perfurando seus corpos, puxando altares em forma de carrinhos. Pessoas com a cabeça pintada de amarelo e com o rosto pintado.Caminhonetes tocando musica a todo volume. Pessoas com as sobrancelhas, língua, bochechas, costas, peito perfurados por enfeites. Pessoas dando comida de graça na rua. Pessoas com limões pendurados no corpo.

ai meu Thapusam!

Sério, essa procissão foi uma das coisas mais impressionantes que eu já vi na minha vida. Não da pra explicar, não consigo mostrar em fotos nem em vídeos. Acho que não da pra sentir nem mesmo tendo visto com meus próprios olhos. Tem que ser Hindu, acreditar e estar la para entender.

Bem, vamos à parte informativa do blog: a procissão faz parte de um festival chamado THAIPUSAM. O Thaipusam é um festival celebrado pela comunidade Tamil (pessoas originárias do estado de Tamil Nadu, na Índia), na lua cheia do mês chamado THAI do calendário Tamil. Esse festival é celebrado tanto na Índia quanto no sudeste asiático. Aqui em Cingapura há uma das maiores celebrações, assim como na Malásia e nas ilhas Mauricio.

a galera fica quietinha, quietinha...

O festival comemora o aniversário de Murugan ou Subramaniam, o filho mais novo de Shiva e Parvati e também comemora a ocasião em que Parvati deu a Murugan uma lança para que ele pudesse acabar com o demônio Soorapadman. (roubado e mal traduzido da WIKIPÉDIA).

Enfim, depois de toda essa explicação consigo entender mais ou menos a procissão. Eu realmente queria começar uma discussão aqui sobre procissões, religiões e rituais, e como em qualquer lugar do mundo temos isso (para citar só os que me lembro agorinha há a peregrinação para Meca, há procissões para Aparecida do Norte, há o caminho de Santiago de Compostela e há até uma procissão que eu já tomei parte, a de Pirapora do bom Jesus – caminhei 40 km de Itu até lá quando tinha uns 14 anos), mas to com muita coisa na cabeça pra fazer isso agora. Ainda to digerindo o que vi/senti.

São cinco e meia da manhã e não consigo dormir em pensar na diversidade cultural do mundo. Sou uma pessoa mais completa e feliz porque tive e tenho a oportunidade de ver o que vi hoje.