sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Tinha tudo para ser um dia normal...


Hoje tinha tudo para ser um dia bem normal. Acordei, fui pro trabalho, tive meu Break, trabalhei e resolvi sair pra naiti, já que hoje é sexta.Combinei de sair com uma amiga alemã, um brasuca e uma chinesa. Chegamos no barzinho, era ate legal, mas sabe quando não tem nada de mais?

Assim, pelo cansaço que eu estava, algo tinha que me chamar a atenção. Podia ser musica boa, um cara gato, mas eu estava sentindo falta daquele tchans! Enfim, o tal do tchans não veio e resolvemos, eu e a alemã que mora comigo, ir para casa.

Pegamos um taxi (sim, voltamos de madruga para casa de taxi - não tem busao de noite e o taxi eh extremamente barato - coisa pra outro post) e assim que entramos na avenida principal de Litlle India, que e o bairro onde moro, percebemos que algo acontecia. Do outro lado da rua havia MUITA gente vestida de amarelo com algo em cima da cabeça. Perguntamos ao taxista o que era aquilo e ele disse ser alguma passeata ou procissão (com o singlish dele foi o que conseguimos entender).

Comecei a ficar intrigada com aquele tanto de gente andando com uns vasinhos na cabeça e pedi pro taxista parar. Falei para a alemã que seria melhor seguirmos dali a pé para casa, para tentarmos ver o que estava acontecendo. O relato abaixo está tão confuso e cheio de informações quanto a minha mente na hora em que desci do taxi:

grao-de-bico e arroz de graca. vai ai?

Pessoas vestidas de amarelo e laranja, segurando pequenos vasos em cima da cabeça, entoando mantras e cantando. Pés descalços. Famílias inteiras, juntas em procissão. Crianças, jovens, adultos, velhos, pessoas em cadeiras de roda. Pessoas em transe. Homens e mulheres com a cabeça raspada. Caminhonetes enfeitadas. Homens e mulheres levando pequenos altares em seus ombros. Pessoas fazendo comida na rua. Homens com ganchos perfurando seus corpos, puxando altares em forma de carrinhos. Pessoas com a cabeça pintada de amarelo e com o rosto pintado.Caminhonetes tocando musica a todo volume. Pessoas com as sobrancelhas, língua, bochechas, costas, peito perfurados por enfeites. Pessoas dando comida de graça na rua. Pessoas com limões pendurados no corpo.

ai meu Thapusam!

Sério, essa procissão foi uma das coisas mais impressionantes que eu já vi na minha vida. Não da pra explicar, não consigo mostrar em fotos nem em vídeos. Acho que não da pra sentir nem mesmo tendo visto com meus próprios olhos. Tem que ser Hindu, acreditar e estar la para entender.

Bem, vamos à parte informativa do blog: a procissão faz parte de um festival chamado THAIPUSAM. O Thaipusam é um festival celebrado pela comunidade Tamil (pessoas originárias do estado de Tamil Nadu, na Índia), na lua cheia do mês chamado THAI do calendário Tamil. Esse festival é celebrado tanto na Índia quanto no sudeste asiático. Aqui em Cingapura há uma das maiores celebrações, assim como na Malásia e nas ilhas Mauricio.

a galera fica quietinha, quietinha...

O festival comemora o aniversário de Murugan ou Subramaniam, o filho mais novo de Shiva e Parvati e também comemora a ocasião em que Parvati deu a Murugan uma lança para que ele pudesse acabar com o demônio Soorapadman. (roubado e mal traduzido da WIKIPÉDIA).

Enfim, depois de toda essa explicação consigo entender mais ou menos a procissão. Eu realmente queria começar uma discussão aqui sobre procissões, religiões e rituais, e como em qualquer lugar do mundo temos isso (para citar só os que me lembro agorinha há a peregrinação para Meca, há procissões para Aparecida do Norte, há o caminho de Santiago de Compostela e há até uma procissão que eu já tomei parte, a de Pirapora do bom Jesus – caminhei 40 km de Itu até lá quando tinha uns 14 anos), mas to com muita coisa na cabeça pra fazer isso agora. Ainda to digerindo o que vi/senti.

São cinco e meia da manhã e não consigo dormir em pensar na diversidade cultural do mundo. Sou uma pessoa mais completa e feliz porque tive e tenho a oportunidade de ver o que vi hoje.

3 comentários:

Anônimo disse...

CARALHO! Meo, as fotos são incríveis, fico imaginando como será ter visto ao vivo. Chocante, de fato. A quantidade de crenças, e o que as pessoas fazem por suas crenças, não há limites, definitivamente! Mas pelas fotos, eu me lembrei muito dos índios e dos mexicanos que fazem adoração ao deus da morte - aos mexicanos também por conta de toda a cor. Enfim, esse com certeza é um assunto sem fim para comentários.
Continue sendo esse poço de cultura! hahaha.

Beijos, saudades!

Bel Balieiro disse...

Queri estar ai pra viver tudo isso com você.
E fotografar muito, pagando mico, claro!
Te amo com muita saudade.

Rejane disse...

Querida, adorei ler o seu blog. Muito emocionante tudo o que vc está vivendo aí. Lendo os seus relatos pude até te ver falando, deu a maior saudades. Beijocas muito grandes. Re